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18 novembro, 2013

A morte prematura do Alen (o gordo)

Às 5 horas da manhã recebi a ligação. O número, simbólico, terminava em 1445. Era a irmã, perguntando se eu era o Thiago, muito amigo do Alen. Respondi que sim e ela me deu a notícia. Ele havia falecido e seria enterrado dali a poucas horas. Alen foi um dos melhores servidores públicos que já atuou em Monlevade. Na Câmara, onde o conheci e fiquei amigo (amigo mesmo), dava a vida pelo projeto Banco de Emprego, que só funcionou com ele. Ajudou centenas de famílias, buscando emprego, sobretudo em empreiteiras da Vale para pessoas que precisavam.

A obesidade não foi a única vilã de sua morte. A inércia e falta de ajuda a uma pessoa que ajudou a tantos talvez tenha pesado mais que seu excesso de quilos.

Neste ano, convidei ele, sua esposa e os dois pequenos filhos para ir ao sítio da minha família. Os meninos se divertiam na piscina, quando ele ficou de joelhos se queixando de uma dor quase insuportável que ia e vinha com freqüência. Conseqüência de uma hérnia.  

Foi uma das poucas vezes que chorei na minha vida, depois de adulto. Logo que foi embora, não consegui conter as lágrimas. Eu pressentia que aqueles meninos poderiam ficar órfãos antes da hora. Há anos, Alen tentava conseguir uma cirurgia bariátrica. Meu pai tentava me consolar dizendo que ele tinha um amigo de coração bom que iria conseguir ajudá-lo, procurando ajuda me valendo de influência. Falhei.

Poucos dias atrás, quando o visitei rapidamente em sua casa nas pacas, me disse que estava revoltado com a falta de apoio e que queria voltar, mesmo doente, a trabalhar na Prefeitura. Sua idéia era agitar os bastidores políticos. Não deu tempo. Alen se foi.

Aprendi com outro sábio amigo (ainda vivo) que a política só vale a pena porque os homens públicos têm o privilégio de ajudar ao próximo. Não foi o caso.  


Apenas como observação. Quando era criança, Alen quase morreu. Um desabamento o soterrou no bairro República. Ele teve (14) paradas cardíacas. Manteve-se vivo, pois tinha uma missão a cumprir. Seu coração era tão grande que suportou.  (Deixou dois filhos e esposa). 

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