"Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada, o poder não era nada. Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz. Dinheiro e poder, e todas as coisas pelas quais as pessoas matam a tiros, pouco valem para o homem que encontrou a si mesmo. Aquele que está bem pode fazer muita coisa supérflua e insensata. Quando o bem-estar acaba e começa a aflição, começa a educação que a vida nos quer dar.
A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza. Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente. Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer....
Há muito que já perdemos o paraíso e o novo que queremos e que temos que construir não se encontra no Equador ou nos mares quentes do Oriente. Ele se encontra dentro de nós mesmos. A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro.
Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o fim, viscosidade e casas de ovo de um mundo primitivo. Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs. esquilos ou formigas. Outros são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. Mas cada um deles é um impulso em direção ao ser.
As pessoas sempre andaram em busca de Deus, mas nunca em busca de si mesmos. E Ele não está em outro lugar. Não há um Deus senão aquele dentro de cada um..."
Hermann Hesse, trechos da obra "O lobo da estepe"
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