POR
THIAGO MOREIRA
Principal
nome do governo Gustavo Prandini, Emerson Duarte, concedeu entrevista exclusiva
ao jornal O Popular. É a primeira vez que ele fala a um veículo de comunicação,
depois de finalizado o governo do qual fez parte por três anos, até deixar o
cargo de assessor de governo em 31 de dezembro de 2011. Emerson, que hoje está
com 40 anos (tinha 35 no início do governo) critica a política monlevadense, se
auto critica e confessa: “teria adotado
postura diferente se pudesse voltar atrás”.
O
POPULAR: Você foi o nome mais influente do governo Prandini. Hoje, olhando para
traz, como avalia o governo do qual fez parte?
EMERSON
DUARTE: Tenho convicção de que fizemos coisas boas e que tivemos muitos erros.
Sou parte destes erros e também dos acertos. Ficaram coisas positivas e os
erros não foram intencionais. São fruto de uma série de fatores. Um deles a
falta de experiência.
OP:
Teria feito diferente...
ED:
Hoje, com 40 anos de idade e depois de ter vivido tal experiência, teria
adotado postura diferente se pudesse voltar atrás. Não que me arrependa, mas
teria pesado mais, pensado mais para me posicionar. Sou uma pessoa de postura e
isso me faz pagar o preço. O Gustavo (Prandini) também poderia adotar outra
postura. A população nos mostrou que o governo tinha problemas, sobretudo de
resultado político.
OP:
Culpa alguém?
ED:
Não tem isso de dizer agora que a culpa é da oposição ou da falta de
comprometimento do PT no fim do governo. É uma série de fatores negativos que
se sobrepuseram aos positivos.
OP:
Quais são os positivos?
ED:
Redemocratizamos a forma de fazer política em Monlevade. Pessoas que antes
tinham medo de se manifestar começaram a falar. Foi um governo aberto, com
participação popular. Retomamos os conselhos municipais com força, através de
um projeto meu, a Casa da Cidadania. O orçamento participativo também seria
excelente, mas, apesar da intenção, não deu certo, pois faltou dinheiro. Com
relação a orçamento, conseguimos projetos importantes do Governo Federal. Foi o
governo que mais conseguiu, mais de R$ 30 milhões, mas o orçamento que
esperávamos não se concretizou em função da crise.
OP:
Isso pesou?
ED:
Pesou. Preparamos um plano de governo para uma arrecadação de R$ 200 milhões
com a duplicação da Arcelor. Mas veio a crise e atrapalhou os planos.
OP:
O governo Prandini, porém, deixou uma dívida grande para o governo Teófilo
pagar...
ED:
A dívida deixada é legal. Não é ilegal, tanto é que não teve conseqüência.
Deixou as rescisões, férias de funcionários, financiamentos, estes últimos
benefícios que vão ficar. O governo hoje colhe frutos como o projeto da ETE
Carneirinhos, convênio de asfaltamento, financiamento BDMG, governo Federal. Mas,
2013, será de ajustes em função dessas dívidas, claro.
OP:
Estamos vivenciando uma polêmica institucional em função da revelação pública
de que vereadores indicam cargos para a Prefeitura. Como era na época do
governo Prandini?
ED:
Na política existe acordo de aliança partidária. Independente de quem vai
governar, os aliados dos vereadores da base são os aliados do prefeito. São
aliados que estão ao lado do prefeito, onde ele transita. Alguns são aliados em
comum de algum vereador e o prefeito vai governar com eles. São cargos em
comissão, de confiança. Se fosse governo do PT, Belmar Diniz teria mais cargos.
Se fosse do PMDB, Titó teria mais cargos. É hipocrisia quando vereador diz que
não.
OP:
Como você avalia as indicações então?
ED:
A principal questão não é quem indicou ou quem é nomeado, mas se cumpre suas
funções. A própria população impulsiona a indicação. As pessoas procuram o
vereador e pedem emprego. É cultural acreditar que o problema individual será
resolvido pelo poder público. Quem busca favores é o próprio eleitor. Esse é o
problema.
OP:
Qual é o problema de Monlevade?
ED:
No sentido político é a oposição reconhecer e entender que a campanha acaba no
dia em que acaba eleição e que nasce um novo governo para governar pela
população toda. A oposição adota posturas negativas pelo simples fato de estar
fora do poder. A força da destruição é mais fácil que da construção. A cidade é
que perde.
OP:
Para finalizar, como avalia o governo Teófilo Torres?
ED:
Escrevi lá atrás que o governo Torres perderia o ano de 2013 fazendo ajustes.
Isso está se concretizando. Ele está reorganizando. A cidade tem um problema há
anos de arrecadação e a folha de pagamentos inchada. Vimos isso com o caso dos
servidores e professores. O aumento concedido agora não é vitória de sindicato,
não se trata disso, é pensar pequeno. O governo sabe que eles merecem aumento,
mas precisava melhorar o caixa pra dar aumento. Em se tratando de gestão, o
governo Teófilo faz algo que não é popular agora, mas necessário. Em 2014 vai
dar pra entender a que veio este governo.
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