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16 fevereiro, 2012

A telha do Beto

Tem um barzinho perto de casa que a gente chamava de Bar do Beto, já que não tinha placa. Depois de tanta insistência, ele aceitou o nome e mandou instalar: “bar do Beto”. Lá, costumávamos reunir a turma para resenhas periódicas e para assistir os jogos de Cruzeiro e Atlético. Por anos, freqüentamos o lugar. De vez em quando eu volto, pra ver se está tudo bem. Nesses anos todos, notamos que na cobertura externa do bar faltavam algumas telhas. Essas telhas estavam empilhadas num canto do estabelecimento e o dono não as colocava, nem mandava alguém instalar. Ficavam ali, encostadas, como se não precisassem cobrir nada. Entrava e saía ano lá estavam as mesmas telhas, do mesmo jeito e aquele vão no teto da varanda não era tampado.

Em função de tamanho esquecimento do dono, costumávamos brincar que aquelas telhas estavam há tanto tempo ali que uma família inteira de pigmeus morava no local. Como já se passavam anos e mais anos, essa família teria requerido na Justiça o usucapião.

Eis que, agora, aparece alguém querendo disputar com o bar. Quem passa pela avenida Getúlio Vargas, ali próximo à delegacia de polícia, vê, há meses, uma cratera aberta desde o período das chuvas. O pessoal da Prefeitura até que esteve lá. Como de praxe, prometeu resolver o problema em poucos dias. Alunos da UEMG, da DOCTUM FUNCEC, motoqueiros que estão aprendendo a pilotar na motopista e policiais passam por ali todos os dias e vêm aquele buracão, imóvel, encostado no tempo. O responsável pela cidade parece não tomar atitude. Nem tampa o buraco, nem manda alguém tampar. E lá está ele. O buraco se tornou a telha do bar do Beto da cidade.

   



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