Tem um barzinho perto de casa que a gente chamava de Bar do
Beto, já que não tinha placa. Depois de tanta insistência, ele aceitou o nome e
mandou instalar: “bar do Beto”. Lá, costumávamos reunir a turma para resenhas
periódicas e para assistir os jogos de Cruzeiro e Atlético. Por anos,
freqüentamos o lugar. De vez em quando eu volto, pra ver se está tudo bem.
Nesses anos todos, notamos que na cobertura externa do bar faltavam algumas
telhas. Essas telhas estavam empilhadas num canto do estabelecimento e o dono
não as colocava, nem mandava alguém instalar. Ficavam ali, encostadas, como se
não precisassem cobrir nada. Entrava e saía ano lá estavam as mesmas telhas, do
mesmo jeito e aquele vão no teto da varanda não era tampado.
Em função de tamanho esquecimento do dono, costumávamos
brincar que aquelas telhas estavam há tanto tempo ali que uma família inteira
de pigmeus morava no local. Como já se passavam anos e mais anos, essa família
teria requerido na Justiça o usucapião.
Eis que, agora, aparece alguém querendo disputar com o bar.
Quem passa pela avenida Getúlio Vargas, ali próximo à delegacia de polícia, vê,
há meses, uma cratera aberta desde o período das chuvas. O pessoal da
Prefeitura até que esteve lá. Como de praxe, prometeu resolver o problema em
poucos dias. Alunos da UEMG, da DOCTUM FUNCEC, motoqueiros que estão aprendendo
a pilotar na motopista e policiais passam por ali todos os dias e vêm aquele
buracão, imóvel, encostado no tempo. O responsável pela cidade parece não tomar
atitude. Nem tampa o buraco, nem manda alguém tampar. E lá está ele. O buraco
se tornou a telha do bar do Beto da cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário